Até bem pouco tempo atrás Belo Horizonte não tinha uma exposição devido as suas cervejas mas sim as suas cachaças, produzidas de forma artesanal e com muita qualidade, conquistando apreciadores em todo o mundo.
Porém o cenário mineiro hoje é diferente, possui um número considerado de micro cervejarias, e conseqüentemente um número considerado de Homebrews, no entanto que a Acerva Mineira fomenta de forma excepcional o mercado de cervejas especiais e da cultura cervejeira Brasileira, não é a toa que o III Concurso Nacional de Cervejeiros Caseiros ocorrerá em BH.
Porém o cenário mineiro hoje é diferente, possui um número considerado de micro cervejarias, e conseqüentemente um número considerado de Homebrews, no entanto que a Acerva Mineira fomenta de forma excepcional o mercado de cervejas especiais e da cultura cervejeira Brasileira, não é a toa que o III Concurso Nacional de Cervejeiros Caseiros ocorrerá em BH.
Em Ribeirão das Neves, a família Falcone fazia cerveja caseira para consumo próprio, no sítio onde hoje está a fábrica. Em dezembro de 1988, são fabricadas as primeiras 260 garrafas - 2 kits de cerveja caseira, no sítio da família, sob sociedade da Mãe Hilma Falcone (que financiou o equipamento e a matéria prima) e Marco Antonio Falcone (que aprendeu a fabricar). A marca inicial era Cirvizia Aquila, o consumo era exclusivamente na família.
A idéia de comercializar a bebida foi amadurecendo lentamente e A partir de junho de 2003, a família decide concluir estudos para implantação de uma Micro Cervejaria com fins comerciais, junto ao sítio da Família e após visitas a vários fabricantes de equipamentos, e em novembro de 2003 é fechado contrato de fornecimento dos equipamentos.
A fábrica foi instalada em uma área campestre, a 35 Km do centro de Belo Horizonte, em ambiente arborizado, totalmente isento de poluição e no dia 28 de junho de 2004, acontece a primeira incursão do Chope Falke Bier no mercado, e desde então ficou claro o comprometimento da família em divulgar a cultura cervejeira no Brasil, produzindo produtos com alta qualidade, lançando a primeira cerveja estilo tripel do Brasil, e mais recentemente uma Índia Pale Ale, deixa claro o compromisso em tratar a cerveja com seriedade, o entrevistado é Marco Falcone, um tremendo incentivador do mercado das Micro cervejarias e entusiasta dos cervejeiros caseiros em Minas Gerais e do Brasil, abaixo a entrevista confirmando todo este compromisso, degustem sem moderação.
O logotipo e rótulo da primeira cerveja produzia pela familia.
oBIERcevando - O que é cerveja para Marco Falcone?
Marco Falcone - Cerveja é algo que transcende a bebida. É um composto que envolve história, cultura, técnica, criatividade, gastronomia, convivialidade, alegria e prazer.
oBIERcevando - Então sua mãe, Dona Hilma Falcone, foi a primeira a investir em cerveja na familia, como saiu a “Cirvizia Áquila” .
MF - Quando fiz meu primeiro curso de cerveja caseira e levei para casa a amostra da cerveja, o entusiasmo foi tanto que Dona Hilma pediu a construção de uma segunda cozinha no sítio, totalmente adaptada, com bancadas, tomadas, fogão, exclusivamente dedicada à fabricação de nossa Cirvizia Áquila. Meu pai, Julio Falcone prontamente construiu. Foi realmente um grande incentivo.
oBIERcevando - Como é trabalhar em família, de quem veio a idéia de montar a Falke Bier?
MF - Trabalhar em família é uma experiência incrível, quando se sabe distinguir o profissionalismo do parentesco. Quando todos entendem a missão da empresa e sua contribuição para o sucesso do empreendimento, funciona como qualquer empresa onde é bom de se trabalhar. Outro detalhe importante: as pequenas cervejarias de tradição na Europa trazem várias gerações na fabricação e comercialização, conceito que corresponde ao artesanal. Hoje na Falke, temos 3 gerações envolvidas, já que o Tiago, meu filho de 20 anos está trabalhando na empresa e envolvido na produção.
A idéia de montar a Falke Bier nasceu de minhas viagens à Europa, mas foi logo adotada com paixão pelo Ronaldo e pela Juliana, e aí, juntos, consolidamos o processo. Nossos pais também se integraram totalmente ao projeto, formando assim um time dedicado e focado na busca pela perfeição do negócio.
oBIERcevando - A Monasterium, como foi idealizada e quanto tempo demorou para chegar ao ponto de hoje?
MF - A Falke Bier já fabricava 3 chopes da família Lager, o Pilsen, o Red Baron e o Ouro Preto, porém a vocação destes chopes é de abastecer apenas o mercado local. Não são pasteurizados e nem tem conservantes, portanto não resistem a longos períodos sem refrigeração. Faltava então um produto que pudesse romper as fronteiras, não só de Minas, mas do Brasil.
Em junho de 2006 fizemos um curso de degustação com o Mestre-Cervejeiro Paulo Schiaveto e aí nasceu uma grande amizade. Manifestamos a ele nossa vontade de formular uma Belgian Strong Ale e juntamos nossos esforços para fabricar uma Tripel. Nasce aí a Monasterium, que por ser refermentada na garrafa, não oxida. Por ter alto teor alcoólico, inibe atividades microbiológicas. Portanto, alta durabilidade, podendo ser enviada para qualquer parte do mundo.
MF - A Falke Bier já fabricava 3 chopes da família Lager, o Pilsen, o Red Baron e o Ouro Preto, porém a vocação destes chopes é de abastecer apenas o mercado local. Não são pasteurizados e nem tem conservantes, portanto não resistem a longos períodos sem refrigeração. Faltava então um produto que pudesse romper as fronteiras, não só de Minas, mas do Brasil.
Em junho de 2006 fizemos um curso de degustação com o Mestre-Cervejeiro Paulo Schiaveto e aí nasceu uma grande amizade. Manifestamos a ele nossa vontade de formular uma Belgian Strong Ale e juntamos nossos esforços para fabricar uma Tripel. Nasce aí a Monasterium, que por ser refermentada na garrafa, não oxida. Por ter alto teor alcoólico, inibe atividades microbiológicas. Portanto, alta durabilidade, podendo ser enviada para qualquer parte do mundo.
oBIERcevando - As micros tem que uma ajudar a outra na educação do consumidor, porém a concorrência é necessária, e no mercado cervejeiro, qual é o ponto de ela ser sadia?
MF - A única forma do movimento das cervejas especiais no Brasil ser vencedor é através da aculturação do consumidor. Portanto a educação é ponto fundamental, o início de tudo. Todos que se iniciaram neste conhecimento sabem que é um caminho sem volta. Nós da Falke Bier temos lutado intensamente, promovido cursos e palestras, patrocinado degustações, harmonizações, recebido alunos de diversas universidades em nossa fábrica. São ações que estão multiplicando exponencialmente o número de apreciadores da boa cerveja.
Quanto a concorrência, o que ocorre é o seguinte: os fabricantes que produzem com qualidade não tem limites de mercado e nem temores, pelo contrário, só confiança. Já aqueles que procuram visar apenas preço, fabricando produtos similares aos industriais, estes sim devem temer a concorrência, pois estarão concorrendo com as grandes indústrias e serão selecionados naturalmente pelos novos conhecedores que estamos formando.
oBIERcevando - Qual estilo de cerveja a Falke ainda terá?
MF - Temos uma série de projetos. Como todos estes projetos são de longo prazo, envolvem muitos fatores como formulação, testes, durabilidade, garrafas, rótulos, estudo de mercado, imagino que teremos 1 lançamento a cada 2 anos. Temos em estágio mais avançado, planos para uma Vintage Ale.
Os quatro produtos da Falke Bier, os chopes Ouro Preto, Red Baron, Pilsen e a Falke tripel Monasterium.
oBIERcevando - Podemos dizer que hoje Belo Horizonte já possui uma rota cervejeira, dado o número de micro cervejarias na região?
MF - Não só uma rota, como também um setor. O setor das cervejas artesanais. Há 3 anos inciamos um processo de associativismo. Existe um Sindicato, o SINDBEBIDAS/FIEMG (Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais/Federação das Indústrias de Minas Gerais) que há mais de 20 anos não abrigava mais cervejarias (elas se filiaram ao SINDICERV), apenas cachaças artesanais de Minas. Então nos filiamos e iniciamos um processo de trazer as demais micro cervejarias para dentro do sistema. Em 2005 fomos para a BRASIL BRAU bancados pelo SINDBEBIDAS, eramos apenas nós como filiados e fomos pioneiros no Beer Lounge da Brasil Brau, junto a Devassa, do Rio de Janeiro.
Em 2007 fomos à Brasil Brau junto com a Backer, já filiada. Mas o grande trunfo surgiu agora no mês de junho. Durante a XI Expocachaça, realizada de 5 a 8 de junho no Expominas, a maior feira do Estado de Minas Gerais, com um público de 30 mil pessoas por dia conseguimos emplacar 5 micro cervejarias abastecendo TODOS os 5 restaurantes da feira, como também uma praça da cerveja artesanal, também como presença das 5 micro cervejarias e também da AcervA Mineira.
Com isto causamos verdadeiro furor no setor. A Secretaria de Turismo de Minas já sinalizou no sentido de promover o roteiro turístico das micro cervejarias.
Todas estarão apoiando o III Concurso Nacional de Cervejas Caseiras, em 30 de agosto deste ano.
Em novembro realizaremos a Minas Bier Fest, onde as 7 micro cervejarias filiadas ao SINDBEBIDAS e mais a AcervA Mineira que em breve se filiará, estarão, durante 3 dias, promovendo um verdadeiro festival de cultura cervejeira em Minas. E isto é só o começo, estamos trabalhando mais outras várias frentes, que vão desde a luta pela questão tributária, certificação das cervejarias, programas de qualidade até o incentivo a novas micro cervejarias aqui em Minas.
oBIERcevando - Se não fabricasse cerveja, o que o Marco Falcone fabricaria?
MF - Whisky.
oBIERcevando - A líder do mercado nacional de cervejas, começará a produzir suas próprias garrafas, você acha que agora as micros terão mais atenção das indústrias que fabricam garrafas?
MF - Esperamos que sim. No setor de cachaças artesanais houve uma grande atenção, foram desenvolvidas garrafas de qualidade. E acho que os fabricantes são sensíveis. Um grande fabricante, por ocasião da Brasil Brau nos apoiou bastante, fornecendo a garrafinha que utilizamos para brindar nossos visitantes, o que sinaliza favoravelmente nos sentido do atendimento de novas demandas.
oBIERcevando - E o novo lançamento, a Falke Índia Pale Ale, como surgiu e quando chegará ao mercado?
MF - A India é uma história bem interessante. Ela furou fila. Na verdade fomos procurados pelo Instituto Estrada Real, uma iniciativa incrível de vitalizar o turismo em Minas, revitalizando a estrada que serviu para escoar as riquezas de Minas e enriquecer toda a Europa.
O Instituto nos contratou para desenvolver uma cerveja com a marca Estrada Real e aí fomos decidir que estilo utilizaríamos.
Como se sabe, quando a Inglaterra colonizou a Índia, por volta de 1700, 1750, os ingleses, que não andam sem sua pale ale, levavam barris, que após 3, 4 semanas de viagem, chegava azeda ao destino. Como na época não se conhecia a microbiologia (a pasteurização não tinha sido descoberta) e não existiam conservantes, os ingleses aumentaram a lupulagem (o lúpulo tem ação bactericida) e o teor alcoólico (o álcool inibe atividades microbiológicas). Estava criada então o estilo INDIA PALE ALE.
Por analogia, se o Brasil tivesse sido colonizado pelos ingleses, qual cerveja percorreria por semanas o trajeto da Estrada Real?
Ela chegará ao mercado provavelmente em agosto. Estamos circulando com uma versão teste com a marca Falke Bier India Pale Ale.
oBIERcevando - Uma pergunta indiscreta, porém realista, existe a possibilidade da Falke ser vendida a um grande grupo cervejeiro?
MF - Tenho sido questionado insistentemente sobre o tema e a resposta é sempre a mesma: não fizemos a Falke Bier para vender e ficarmos ricos. Fizemos um projeto de qualidade de vida para a família e qualidade de produto para o mercado. Emprestamos nosso sobrenome à marca (Falke em alemão = Falcone em italiano). Construímos nossa cervejaria junto ao sítio da família, com todos os requintes de respeito aos vizinhos e ao meio ambiente. Pretendemos continuar pequenos e creio que não seremos alvo desta cobiça.
MF - Tenho sido questionado insistentemente sobre o tema e a resposta é sempre a mesma: não fizemos a Falke Bier para vender e ficarmos ricos. Fizemos um projeto de qualidade de vida para a família e qualidade de produto para o mercado. Emprestamos nosso sobrenome à marca (Falke em alemão = Falcone em italiano). Construímos nossa cervejaria junto ao sítio da família, com todos os requintes de respeito aos vizinhos e ao meio ambiente. Pretendemos continuar pequenos e creio que não seremos alvo desta cobiça.
oBIERcevando - Qual outra cerveja que você realmente goste, além da Falke, gostaria de estar degustando agora?
MF - Westvleteren ABT 12
Mais informações: Falke Bier
5 comentários:
Grande Feijão, tudo bem?
Excelente entrevista com este Mestre com M maiúsculo que é o Marco Falcone!
Só um toque para sua correção: está escrito que a Monasterium é refermentada na "garra". Sim, concordo, mas acho que o sentido literal deve ser na "garrafa", certo? :-)
Um grande abraço,
Sergio.
Mestre Feijão, corrija ai por favor
O III Concurso Nacional de Cervejas Caseiras, será 30 de Agosto.
Por sinal meu aniversário.
Se voce puder nos ajudar promovendo o concurso, existe um post na AcervA Mineira com o código do banner de divulgação com link de download do regulamento.
forte abraço! Contamos com sua presença aqui
Armando Fontes - Vilã cerveja de caldeirão
www.acervamineira.com.br
Nobres,
Sérgio,
É um honra te-lo por aqui, muito obrigado pelo visita, saiba que tenho muita admiração pelo seu trabalho e sei que em breve nos trará ainda mais alegrias. Já fiz a correção, obrigado.
Armando,
Outro iluste companheiro e militante cervejeiro, peço desculpas em não ter atentado a data do concurso, li algumas vezes a entrevista não reparei, mas já está alterado, e com certeza estarei ai em BH para o evento, não tenha dúvidas, e pode deixar que vou fazer mais uma vez a divulgação, já havia colocado uma nota, mas agora vou utilizar o banner em um post.
Obrigado aos companheiros pela correção e espero econtra-los em breve.
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