A Oktoberfest não é apenas um dos maiores eventos da Terra é também um estilo de cerveja. Tecnicamente a Oktoberfestbier é fabricada apenas por seis fábricas de cerveja dentro dos limites da cidade de Munique, elas também são as únicas fabricantes de cerveja autorizadas a participar dentro dos pavilhões da Oktoberfest, é autorizada a participar também da festa a fabrica de Champagne Nyphemburg de Munique.
Apesar do seu nome Oktoberfest as cervejas não eram fabricadas apenas em Outubro, começavam a ser fabricadas no início de Outubro até o final de Março, por isso também são conhecidas como Märzen, mas por que isso?
É que antes de uma das revoluções cervejeiras, quando surgiu a refrigeração, produzir cerveja no verão era praticamente impossível, devido a enorme proliferação de micro organismos que “fermentavam” a cerveja. Ela tornava-se intragável devido a multiplicação descontrolada do fermento “voador” que se depositava no líquido.
Portanto as cervejarias da Baviera recorreram a uma simples mas eficaz estratégia que garantiu uma boa cerveja e um tranqüilo abastecimento para o verão. Eles trabalhavam em regime de hora extra nas cervejarias no final do inverno para fazer bastante cerveja e adicionavam uma quantidade considerada de lúpulo, já sabiam que era um conservante natural, e também mais malte, seu teor alcoólico provavelmente tinha entre 5% a 6%. Estas cervejas ficavam bastante encorpadas e com uma boa presença de lúpulo e paladar de malte.
Para manter essas “Märzen” frescas durante os meses de verão, elas ficavam acondicionadas em barris que posteriormente eram guardados em caves, cavernas e até mesmo no sopé das montanhas a baixas temperaturas, alguns locais eram preenchidos com gelo do inverno anterior. As cervejas eram liberadas gradualmente começando no final da primavera ou início do verão. O álcool e a elevada concentração de lúpulo serviam como conservantes e as condições ideais de armazenamento asseguravam que esta cerveja ficasse perfeita para se beber, o tempo ajudava no seu amadurecimento e durante o verão ficava em condições ideais para consumo. É muito provável que se tornava excelente perto do fim do verão, quando o lúpulo teria “se acalmado” ainda mais na cerveja e as características maltadas ficavam mais presentes. Em Outubro, no entanto, após o ano da colheita de cereais, os últimos barris das cervejas Märzen tinham que ser consumidos, para que os preciosos barris pudessem receber a nova temporada de “cervejas frescas”. Acontecia daí uma pressão sobre as pobres almas medievais para evacuar os necessários barris às pressas, e o conceito de Oktoberfest surge quase que automaticamente, por isso que esta cerveja Märzenbier é mais comumente conhecida como Oktoberfestbier.
Depois disso com a expansão no século XIX dos métodos científicos para elaboração de cerveja incluindo melhor controle sobre o malte utilizado, controle do fermento, filtração e refrigeração, todos poderiam agora degustar cervejas de qualquer estilo em todas as épocas do ano, não é necessário mais produzir cerveja só durante a estação fria. Assim, hoje no Brasil temos disponíveis alguns exemplares deste estilo de cerveja que muita história possui. Resolvi colher as quatro marcas disponíveis no mercado para degustar, o resultado é que todas mantêm uma fidelidade incrível ao estilo, no entanto que se torna bem difícil querer compara-las, são ótimas cervejas e infelizmente ficaram faltando apenas a Augustiner e a Hacker-Pschorr que não são importadas para o Brasil, em relação as outras quatro, segue impressões:
Cerveja: Paulaner
Apresentação: Garrafa 500ml.
Tipo: Oktoberfestbier / Märzen
Álcool: 6%
Cor: Dourado intenso, leve turbidez, brilhante.
Espuma: Boa formação, duradoura.
Aroma: Malte intenso, lúpulo.
Paladar: Médio corpo, lúpulo, malte, notas leves álcool, agradável amargor, média carbonatação, sensação residual maltada.
Cerveja: Hofbräu München
Apresentação: Garrafa 500ml.
Tipo: Oktoberfestbier / Märzen
Álcool: 6,3%
Cor: Dourado intenso, limpa, brilhante.
Espuma: Boa formação, duradoura.
Aroma: Malte, lúpulo, floral.
Paladar: Bom corpo, lúpulo, malte, ligeiramente seca, boa carbonatação, sensação residual bem equilibrada entre malte e amargor.
Cerveja: Spaten
Apresentação: Garrafa 500ml.
Tipo: Oktoberfestbier / Märzen
Álcool: 5,9%
Cor: Dourado intenso, limpa, brilhante. ( Mais escura que as outras)
Espuma: Boa formação, duradoura.
Aroma: Malte, leves notas de lúpulo.
Paladar: Médio corpo, lúpulo, malte, leve doce, média carbonatação, sensação residual seca.
Cerveja: Löwenbrau
Apresentação: Garrafa 500ml.
Tipo: Oktoberfestbier / Märzen
Álcool: 6,1%
Cor: Dourado intenso, leve turbidez, brilhante.
Espuma: Boa formação, duradoura.
Aroma: Malte intenso, lúpulo.
Paladar: Médio corpo, leve nota álcool, agradável amargor, média carbonatação, sensação residual maltada
4 comentários:
Parabéns, Feijão!
Excelente artigo. Eu sou Paulaner desde criancinha...
Um abraço.
Olá Feijão,
Dos exemplares que você colocou já provei a Paulaner e a HB. Não gostei da HB. Achei que estava com o álcool desequilibrado. Na minha opnião, é muito arriscado fazer uma lager com conteúdo alcoólico superior. Deve ser bem maltada e lupulada para balancear e não foi o que aconteceu no exemplar que provei. Vi que no seu comentário sobre a HB e nada de álcool.Será que tinha alguma alteração na que eu tomei? Como foi minha primeira, não tenho parâmetro para comparar.
Abraço.
Rodrigo Campos
Fortaleza-CE
Caro Mauricio,
Muito obrigado pela visita e a Paulaner realmente se destaca no cenário mundial, com cervejas dignas de qualquer degustador.
Caro Rodrigo,
Realmente a HB é a que possui maior teor alcoólico entre todas, porém sempre comento que o gosto é muito particular, eu sinceramente achei a HB com características muito agradáveis, o álcool ficou "coberto" por elas, achei ela com ótimo corpo equilibrio entre lúpulo e malte, tente experimentar novamente, pois para uma melhor avaliação sempre é bom degustar uma, duas três vezes para que possamos tirar a "prova". Obrigado pela visita.
Abraços
Lowenbrau Oktoberfestbier para mim é uma excelente cerverja.
Wagner
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