domingo, 27 de abril de 2008

Entrevista com Sady Homrich

Sady Homrich nasceu em 18 de Abril em Porto Alegre, é baterista da banda Nenhum de Nós, que inicialmente era formado por Thedy Correa (baixo e voz), Sady Homrich (bateria) e Carlos Stein (guitarra), em 1987 o produtor Tadeu Valério, que havia feito à coletânea ‘Rock Grande do Sul ‘ ouviu o som da banda, e algum tempinho depois chegou às lojas o primeiro LP. Em 1988 a faixa “camila, camila” estourou e de repente tudo mudou.
No segundo trabalho intitulado “Cardume” a versão de starman de David Bowie (astronauta de mármore) foi uma das músicas mais tocadas do ano de 1989. E assim até hoje a banda se mantém no cenário nacional com vários sucessos e música boa, e o mais importante é que o tempo de estrada só “molda” mais a banda, melhorando a cada ano.
Sady é formado em engenharia química e Gourmet nas horas vagas. O musico é um apaixonado pela boa gastronomia, cerveja e pela música.
É um dos idealizadores do projeto Extra Malte: por um mundo cervejeiro melhor, que ocorre no Espaço StudioClio em Porto Alegre, além claro do árduo trabalho em divulgar a cultura cervejeira, promover diversos eventos ligados ao assunto e a “bagagem” deste companheiro mostram a importância de te-lo como entrevistado.
Abaixo o bate papo com este ilustre companheiro, e degustem-na sem moderação.

oBIERcevando - Quando e o que lhe trouxe para o mundo cervejeiro?
Sady Homrich - Na minha família a cerveja sempre acompanhou os melhores momentos. Aprendi a respeitá-la com meu tio avô Ubaldo, que me passava o que aprendera com seu avô Adolpho Homrich. Contava que seus irmãos que vieram da Alemanha com ele abriram uma cervejaria no interior do RS. Era a Cervejaria Rodolpho Homrich, em Cachoeira do Sul. Guardo um abridor personalizado como relíquia única dessa época.
Minha formação em Engenharia Química também me levou a conhecer os detalhes técnicos da bebida. E uma sede incalculável me persegue todos os dias...
Desde 1986, como baterista da banda Nenhum de Nós, uma das poucas bandas gaúchas que furou o cerco da região sul, comecei a viajar e conhecer as diferentes cervejas do Brasil. Entrei definitivamente para o mundo cervejeiro quando comecei a colecionar garrafas cheias. Hoje são mais de mil, mas agora prefiro tomá-las.

oBIERcevando - Um tipo de som e um tipo de cerveja que se combinam.
SH - Ahhh... São muitos.... Gosto muito música típica alemã, mas precisa de um contexto. U2 vai bem com uma porter. Outro dia estava escutando o novo do Foo Fighters tomando uma Rauchbier Eisenbahn: foi perfeito!

oBIERcevando - As viagens com a banda Nenhum de Nós já o levaram para uma descoberta cervejeira interessante?
SH - Muitas vezes. Uma das primeiras descobertas foi em 1989 em Canoinhas, no norte catarinense, onde conheci o Sr. Rupprecht Löefller, que fabrica a Nó de Pinho em um verdadeiro museu cervejeiro.
oBIERcevando - Existe um estilo ou escola cervejeira que mais lhe agrada, e por que?
SH - É difícil.... de vez em quando muda... Eu respeito profundamente a cerveja tipo pilsen, desde que tenha as características do tipo, ao contrário da maioria dos colegas cervejeiros, homebrewers e neófitos. É, de longe, a cerveja mais difícil de ser feita. Quando encontro uma de verdade, com excelência em equilíbrio de lúpulos e corpo adequado chego a ficar anestesiado! Pretendo visitar a República Tcheca, paraíso do gênero.
oBIERcevando - Existe namoro entre Cerveja e Gastronomia?

SH - Namoro? Pra mim já estão casados de papel passado há muito tempo. Não consigo pensar em um prato sem relacioná-lo com alguma cerveja. Mas consigo pensar em cerveja sem acompanhamento. Especialmente entre as belgas.
oBIERcevando -Você que acompanha a algum tempo o mercado cervejeiro, qual sua opinião sobre o atual mercado cervejeiro nacional, está bom ou ainda faltam coisas a serem feitas?

SH - É um mercado em expansão. Especialmente no segmento das especiais e super-premium (detesto essa classificação, mas é assim que usam). A venda em volume (das marcas de frente) está muito aliada ao clima. Em 2007 bebeu-se menos cerveja (em litros per capita) do que em 2006, mas a venda de cervejas mais caras aumentou significativamente. Saiu uma matéria na Alemanha que pregava a retomada do mercado pelas artesanais. Acho um bom caminho, desde que não tentem cair no gosto popular. Não se pode vender cerveja de qualidade com menos de 2 euros por litro.
oBIERcevando -A atual cena cervejeira Gaúcha, está ficando interessante com vários Homebrews e micro cervejarias dispostas a trazer produtos diferenciados, pode vir a se tornar um pólo cervejeiro?
SH - Com certeza a imigração européia contribui para esse fato. Acho normal que haja uma proliferação de micro-cervejarias pelo estado, pois está provado que é possível ser independente. Recentemente foi criada a ACERVA Gaúcha, onde homebrewers se organizam em busca de experiências, conhecimentos, acesso a insumos e para matar a sede!
oBIERcevando - Na última visita do Garret Olivier ao Brasil, você pode conversar com ele, o que aprendeu sobre cerveja e ficou gravado para levar para o resto da vida?
SH - Que não se pode ter medo de começar. Ele está à frente de uma microbrewery que é referência na América com muita competência. Apresentou séries especiais de cervejas que faz apenas para beber com amigos (uma Chocolate Stout inesquecível, por exemplo) sem perder a humildade. E ainda faz um excelente hambúrguer cajun-style!


oBIERcevando - Indicaria uma região cervejeira no mundo para conhecer?
SH - O sul da Alemanha. Um dia ainda chego lá!


oBIERcevando - O projeto Extra Malte: por um mundo cervejeiro melhor, que ocorre no Espaço StudioClio em Porto Alegre, na qual você é o curador do projeto, já tem a programação deste ano, quais datas e convidados estão confirmadas?

SH - Depois vou passar a agenda para o oBIERcevando. Estou com dificuldades de agenda, mas o Micael Eckert (da Coruja) já pegou o jeito e vamos dividir a apresentação. Já vai o recado pra Cilene Saorin: vamos entrar em contato pra formalizar o convite. É sempre um prazer dividir momentos cervejeiros contigo!

oBIERcevando - O Burgomestre está ativo, é um militante da cultura cervejeira nacional, há como palestrar, ensinar pessoas que estão dispostas a conhecer o mundo cervejeiro?

SH - Faço apresentações, palestras e degustações para iniciantes em encontros de empresas. Adoro levar um pouco da cultura cervejeira, especialmente para aqueles que se dizem amantes do líquido, mas só bebem pra matar a sede. Também temos visto a migração de enófilos para as gôndolas cervejeiras. Basta mostrar o caminho e eles o trilharão com prazer!

oBIERcevando - Os fãs do Nenhum de Nòs já vieram falar sobre cerveja contigo?
SH - Falar, perguntar, beber... freqüentemente ganho copos, rótulos e cervejas de fãs que sabem das minhas preferências!


oBIERcevando - A pergunta de praxe, que cerveja você gostaria de estar tomando agora, uma que realmente lhe "emocionou" ao tomá-la?

SH -
Unertl. Uma Hefe-Weissbier da Bavária que guarda aromas e sabores que só existem ali. Ganhei do Herbert Schumacher (Cerv. Abadessa) quando veio da Alemanha em 2006. Ao tentar importá-la ele recebeu o recado do mestre-cervejeiro alemão: “Ficamos satisfeitos em saber que nossa fama atravessou tantas fronteiras, mas não vendemos nosso produto para lugares que fiquem distantes mais de 100 quilômetros da torre da igreja da nossa cidade.”

Abraço ao Paulo Feijão e aos leitores do oBIERcevando.
E QUE A FONTE NUUUUUUUNCA SEQUE!!!!

5 comentários:

Vic disse...

Amigo Feijão

Voltando depois de uma fase mais ocupada. Gostei especialmente da ultima resposta de seu convidado.
Mas imagina que todos os cervejeiros faziam o mesmo! ehehehe

Abraço

Anônimo disse...

Muito legal a entrevista.
E que a fonte nunca seque !!!!
Abraço.

Paulo Feijão disse...

Ol�

Almeida,

� sempre um prazer ter o amigo do outro lado do Atl�ntico por aqui, e sobre a postura de n�o mandar a cerveja para longe, ainda bem mesmo que n�o s�o todos que tem esta postura.

Serveja,

Obrigado, e esperamos que realmente a fonte nunca seque.

Abra�os

Anônimo disse...

queridos feijao e sady,
confesso que fiquei surpresa ao ler o convite pela web (risos). sera um prazer voltar a ve-los em porto alegre. a questao da agenda e importante, mas com antecedencia a gente vai conseguir resolver..
desde ´la movida madrileña´, beijos.
cilene.

Paulo Feijão disse...

Oi Cilene

Que honra ter um comentário de "peso" como este por aqui.
Como pode ver o convite está feito, e com certeza farei o impossível para estar presente quando ocorrer o evento. Entretanto espero encontra-los em breve em outros eventos cervejeiros, assim como todos os amanter do nobre líquido.

Abraços