Arthur Van Roy (pai de Alfred) foi de Wieze para Steenhuffel em 1908 e se casou com Henriette De Mesmaecker da "De Hoorn" Cafeteria, Fazenda, Cervejaria e Destilaria. Ele imediatamente começou a expandir o negócio, levando o desenvolvimento industrial a Cervejaria De Hoorn. Tiveram três filhos: Caroline, Karel e depois, em 1913, Alfred. Quando tinha apenas 4 anos, Alfred vivenciou os horrores da Primeira Guerra Mundial, quando a cervejaria foi arrasada, deixando a sua mãe (Henriette) tão mal que morreu pouco tempo depois da guerra. Em 1928, Alfred com 15 anos, começou a trabalhar como ajudante na fabrica de cerveja ao lado do pai, Arthur, mas por saber que só a experiência prática não ajudaria, o jovem Alfred com sede de conhecimento decidiu estudar sobre processo cervejeiro no colégio Sint-Aloisius, em Bruxelas.
Na eclosão da Segunda Guerra Mundial, Alfred Van Roy tinha 27 anos e já contava com 12 anos de experiência na fabricação de cerveja. Foi um tempo de "sobrevivência do mais forte", com fábricas lutando em encontrar locais para compra de carvão, malte e lúpulo e se estes não estivessem disponíveis, a cerveja tinha que ser feita a partir de beterraba ou batata cozida. Muitas cervejarias não conseguiram sobreviver à guerra, mas outras cresceram rapidamente. Uma cervejaria em especial continuou fielmente sua fabricação de cerveja estilo Ale e se tornou a segunda maior fabricante de cerveja em 1958 na Bélgica. Isso incentivou as ambições de Alfred Van Roy, ele sabia que a industrialização em larga escala, publicidade agressiva e, em particular, a qualidade da cerveja, trariam ótima impressão e gerariam lucro.
Alfred Van Roy disse muitas vezes: "Eu nunca inventei nada sozinho, tudo o que fiz foi dar uma boa olhada no que fizeram outras pessoas bem sucedidas." E assim a cervejaria De Hoorn cresceu junto com os outros fabricantes de cerveja de alta fermentação, que foram então, desfrutando grande sucesso. Após ler a autobiografia de Henry Ford, Alfred aprendeu que "é preciso dar aos clientes o que eles querem e o resto será dado a você". Este é o princípio básico de marketing e por isso a definição: uma boa cerveja era o que seus clientes queriam: um lote de sabor, mas com um sabor tão fino quanto possível. Qualidade tornou-se a base para o crescimento. Para ajudá-lo a alcançar este objetivo, Alfred Van Roy sempre esteve rodeado com os melhores cientistas, consultores e bons mestres cervejeiros. Ele também estava continuamente aprendendo, participou da primeira Convenção Cervejaria Européia na cidade de Brighton, no Reino Unido, em 1951. Ele era conhecido por ouvir cada palestra com cuidado, para satisfazer a sua constante fome de conhecimento.
Nessa altura tinham sido fechadas milhares de cervejarias na Europa, a Cervejaria De Hoorn permaneceu, embora tenha sido um pouco desencorajada pelo fato de Alfred crer "que a cerveja de alta fermentação tem mais sabor e aroma que a “Pils” e acabará por triunfar" como isso não aconteceu plenamente e a Pilsen realmente dominava o mundo, sua cerveja com alta fermentação teria que ter um nome a altura e passou a se chamar PALM, que significa Vitória. Alfred Van Roy foi e sempre quis ser um "empresário digno de sucesso". Ele atingiu isto com honras! Em sua vida nos negócios, ele aprendeu todas as disciplinas de gestão e aplicou na prática: organização empresarial, o custo de gestão, recursos humanos, marketing, orientação do cliente. Até mesmo as tendências mais recentes como "Ética e negócios sustentáveis", não eram novidade para Alfred Van Roy.
Para garantir a continuidade da família no negócio em 1974, Alfred Van Roy pediu a Jan Toye, sobrinho de sua esposa Aline Verleyen, a participar no dia-a-dia da gestão da fábrica.
Para garantir a continuidade da família no negócio em 1974, Alfred Van Roy pediu a Jan Toye, sobrinho de sua esposa Aline Verleyen, a participar no dia-a-dia da gestão da fábrica.
Hoje a PALM é detentora de outras marcas, em 1993 surgiu a Cervejaria Boon, que só fabricaria cervejas de fermentação espontânea, as famosas lambics
Em 1998, assumiu a Rodenbach como parte de seus esforços para proteger o património histórico cervejeiro belga. Essa cervejaria produz um estilo único através da fermentação mista, na qual já pude degustar aqui e aqui.
Campanhas de publicidade para Rodenbach deram novo impulso aos negócios. O complexo de edifícios da cervejaria, que abrigava nada menos que trezentos imensos barris de carvalho foram restaurados.
A aquisição da cervejaria Gouden BOOM de Bruges em 2001, complementou a gama de cervejas de alta fermentação com a linha BRUGGE. Em 2003 foram autorizados a produzir a marca Steen Brugge que pude degustar.
Em 2005, Jan Toye tomou mais um passo no sentido de aumentar o profissionalismo desta empresa familiar. O Conselho de Administração foi ampliado e um novo Comitê Executivo nomeado. Como resultado, na quinta-feira, 8 de Novembro de 2007, a Cervejaria Palm recebeu um prêmio do Instituto de Empresas Familiares por ser um "Negócio Familiar Altamente Profissional". Hoje o “grupo” PALM ocupa uma posição única no setor cervejeiro, tendo saído de um produto único, para um sistema multi-nicho cervejeiro, é o único grupo cervejeiro do mundo a ter autênticas cervejas belgas, que utilizam 4 tipos de fermentação: Alta; Baixa; Mista; Espontânea, sendo que a Cervejaria PALM em Steenhuffel fabrica 90% de alta fermentação e 10% baixa fermentação, a Cervejaria Rodenbach em Roeselare tem 100% de sua produção “mista". E na Cervejaria BOON toda a produção tem fermentação espontânea.
Estão sendo importadas para o Brasil, pela Bier & Wein 06 cervejas do grupo, a Steen Brugge, na qual degustei os dois exemplares aqui, dois exemplares da cerveja Boon, que comentarei em outro post e também dois exemplares da Palm,um é a tradicional Palm, a outra é a Palm Royale que foi criada em 2004, em comemoração ao 90º aniversário do mestre Alfred Van Roy, segue impressões abaixo:
Apresentação: Garrafa 330ml.
Tipo: Belgian Pale Ale
Álcool: 5,4%
Cor: Cobre, limpa, brilhante.
Espuma: Boa formação, duradoura.
Aroma: Malte, leve condimentado, lúpulo herbal.
Paladar: Médio corpo, lúpulo, seca, levemente condimentada, nuances de álcool, ligeriamente ácida, sensação residual seca com final ligeiramente maltado, cerveja refrecante.
Comentário: Cerveja refrescante, com boa carbonatação, lembra um pouco a Weinachts Ale da Eisenbahn, esta cerveja no passado, no começo da história deve ter sido "pesada" hoje creio estar mais agradável aos paladares menos exigentes.
Cerveja: Palm
Apresentação: Garrafa 330ml.
Tipo: Belgian Pale Ale
Álcool: 7,5%
Cor: Cobre, limpa, brilhante.
Espuma: Boa formação, duradoura.
Aroma: Lúpulo, leve frutado, condimentado, ligeiras notas doces.
Paladar: Médio corpo, malte, lúpulo fino, levemente frutada, quente, álcool, sensação residual quente, ligeiramente doce, apimentado.
Comentário: Boa cerveja, melhor opção que sua “irmã”, apresenta personalidade principalmente devido ao seu alto teor alcoólico que acrescenta calorosas impressões no paladar.
2 comentários:
Concordo com voce a primeira cerveja Palm é aguada e fraca.
Waterloo e Belle Vue são bem melhores !!!
WAGNER
Olá Wagner,
Pois é, não é minha intensão dizer que ela é fraca ou aguada, visto que o paladar de cada um tem uma impressão. A minha expectativa é que ela fosse diferente, pois no passado toda cerveja era cerveja mesmo, com forte corpo, aroma e paladar, a história dela é bem interessante e remete as cervejas de antigamente. É o que digo sempre, vale cada um avaliar e tirar suas próprias conclusões, agradeço a sua opinião.
A Walterloo Dubbel é minha preferida, a Belle Vue veio uma vez e nunca mais voltou, mas é bem agradável também.
Abraços e obrigado pela visita.
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