Particularmente fiquei surpreso ao descobrir a cena cervejeira americana no inicio das minhas pesquisas no final dos anos 90, para mim existiam lagers comerciais apenas, como a Miller Genuine Draft ou então Budweiser, porém há muito mais cores além do preto e branco. Por lá essa onda já vinha desde os anos 70, ou seja, não é tão recente, de lá para cá muita coisa aconteceu, surgiram mais cervejarias, muitos cervejeiros caseiros conseguiram colocar em prática seus sonhos e hoje podemos dizer que os EUA está se tornando uma escola cervejeira, mas porque dizer que é uma escola cervejeira?
É comum ouvir que Alemanha, Bélgica e Inglaterra são as principais escolas cervejeiras mundiais, afinal, foram nestes países que surgiram a maioria dos estilos reproduzidos no mundo todo. Quando os cervejeiros americanos, diga-se microcervejarias, começaram a fabricação de cerveja, além de “reproduzir” muito bem a maioria dos estilos, começaram a inovar, lentamente foram dando um toque pessoal as receitas. Este toque pessoal consistia em maiores cargas de malte, conseqüentemente aumentando o teor alcoólico e principalmente para equilibrar com as doses generosas de lúpulo, iniciaram o cultivo de malte e lúpulo, produzindo os próprios equipamentos cervejeios e desde então, entende-se a escola americana pelo amor incondicional que eles tem por cerveja e pelo lúpulo, uma de suas principais características é ser extrema, todavia o único estilo 100% americano não tem nada de extremo, trata-se do Califórnia Comonn ou Steam Beer, que é produzido por poucas cervejarias americanas, falo mais deste estilo em um próximo post.
Isso proporcionou uma enorme revolução cervejeira no país, essa ‘inovação” nos estilos fez aparecer novos termos, como o “Double” ou “Imperial”, diversas cervejarias americanas produzem Double Pale Ale, Double Stout, Imperial IPA, Imperial Weizen, até mesmo Imperial Pilsener, o termo nada mais é que o estilo com maior quantidade de ingredientes, ou seja, mais malte, mais lúpulo, isso conseqüentemente torna a cerveja extrema, pois terá mais álcool, maior amargor e dependendo do estilo inúmeros aromas e sabores estarão presentes.
India Pale Ale
Dificilmente você encontrará uma das 1500 microcervejarias americanas trabalhando com chopp claro e chopp escuro, lá os bois tem nome, é informado o estilo da cerveja, suas principais características e facilmente encontrará os tipos de malte e lúpulos utilizados na receita. Isso faz com que exista uma cultura cervejeira muito forte no país, vide o número de festivais que acontece, o World Beer Cup, o Great American Beer Festival ano passado contou com mais de 300 cervejarias e centenas de cervejas diferentes, além dos festivais organizados regionalmente ou por associações. Creio que estes poucos exemplos ilustram de certa forma esta nova escola cervejeira mundial.
O evento contou com convidados diversos, cervejeiros de algumas cervejarias americanas estavam presentes, entusiastas, cervejeiros caseiros e principalmente importadores que trazem esperanças que em breve, teremos acesso a mais estas cervejas inovadoras. Em relação as cervejas, elas apresentam diversas características, algumas cervejas mais complexas, outras menos, escuras, claras, lúpulo destacada, lúpulo citrico, floral, maltada, foi uma experiência muito rica, mas as que mais marcaram foram a Great Divide Imperial Stout, Arrogant Bastard Ale da Cervejaria Stone e os dois exemplares da Cervejaria Rogue a Kells Irish Lager e a Maibock Dead Guy Ale.
Variados estilos
Um comentário:
A cena cervejeira norte-americana é realmente muito interessante. E o mais legal é que cada estado possui suas marcas, uma vez que a maioria das micro têm alcance apenas regional.
Fazer uma road-trip pelos Estados Unidos, provando as melhores cervejas artesanais de cada região, deve ser um verdadeiro sonho cervejeiro.
Abraço.
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